Castle Rock (2018)

 

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Prestes a completar seus 71 anos de idade, Stephen King é um dos escritores que mais tem obras literárias transformadas em mídia áudio visual ao longo da história. Enquanto os anos 80 e 90 viram inúmeras dessas obras adaptadas para o cinema ou para telefilmes, com a popularização das séries de TV a partir dos anos 2000, os produtores passaram a enxergar as obras de King como nova possibilidades de se trabalhar (e lucrar muito), com suas incríveis histórias.

Ainda ativo como autor, o material escrito por King é tão extenso quanto irregular, o que talvez se justifique nas questões contratuais de mercado, onde a quantidade acaba sendo mais preponderante que a qualidade, e ele acabe sendo forçado a criar mesmo quando as ideias não sejam tão boas quanto em outras ocasiões.

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Essa situação envolvendo o mercado e a sua potencialidade criativa, de certa forma, e guardadas as devidas proporções, também evoca similaridades com a carreira de JJ Abrams. Roteirista, diretor e produtor, Abrams iniciou sua carreira ainda nos anos 90, como roteirista e produtor, mas foi somente em 2004, com o megassucesso da série Lost, que seu nome alcançou o reconhecimento do mundo do entretenimento.

Foi com o sucesso de Lost que Abrams teve a oportunidade de trabalhar com Steven Spielberg (Super 8), e produzir sucessos como filmes da série Missão Impossível (Missão Impossível III e IV), Star Wars (Star Wars VII e Os Últimos Jedi) e Star Treck (Star Treck e Into Darkness).

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Agora em 2018, ambos se juntam num projeto que parece juntar as potencialidades máximas de cada um dos dois e que resulta numa das melhores séries já criadas, a maravilhosa Castle Rock.

Idealizada num formato de antologia, onde cada temporada traz uma história e personagens distintos, a primeira temporada de Castle Rock é um verdadeiro primor. Mesclando atores consagrados como Sissy Spacek (Carrie, a Estranha), e Scott Glenn (O Silêncio dos Inocentes), e jovens jóias como André Holland (Moonlight) e Bill Skasgard (It, a coisa), a série é tecnicamente perfeita. A fotografia contribui o tempo todo para trazer a sensação de que existe sempre algo ou alguém à espreita e o roteiro, que pode muito bem ser comparado aos melhores livros de King, é muito bem amarrado, o que faz com que os personagens tenham suas narrativas trabalhadas na medida ideal, sem pressa e ao mesmo tempo sem enrolação.

A história acompanha o retorno de Henry Deaver (André Holland), à Castle Rock, cidade onde cresceu e que lhe traz terríveis lembranças, além de guardar mistérios a respeito de um acontecimento quando ainda era criança, onde ele esteve desaparecido por dias. Agora adulto, ele é advogado de pessoas condenadas à pena de morte, e logo que volta à cidade, se depara com o estranho caso de um jovem (Bill Skasgard) encontrado enjaulado nos porões da antiga penitenciária Shawshank.

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Quem viu a nova versão de IT (também escrito por King), e achava que o ator Bill Skasgard não poderia ser tão assustador sem a maquiagem de palhaço, vai se surpreender. Ao mesmo tempo em que aparenta uma enorme fragilidade, seu olhar e expressões são tão apavorantes que simultaneamente também expressam nele um ser poderosíssimo, prestes a realizar o pior dos males, e que de certa forma remete à alguns dos mais terríveis personagens já criados pelo autor, como Andrew Linoje de A Tempestade do Século e Percy Wetmore de The Green Mile.

E por falar em outros personagens do universo de Stephen King, a série pode ser ainda melhor para quem é conhecedor de outros livros do autor. A começar pela bela abertura que traz trechos de alguns de seus clássicos, ao longo da trama são jogadas inúmeras referências, muitas vezes de forma direta e outras mais sutilmente, que somente fãs mais atentos conseguem perceber. Estão lá as referências à Cujo, A Hora da Zona Morta, Conta Comigo e tantos outros, numa avalanche de easter eggs que acabam sendo mais um elemento para se aproveitar ainda mais a série.

Com a segunda temporada já encomendada, e a julgar pela extensa obra do mestre King, a série terá uma longa vida pela frente. E para nossa sorte, ainda existem muitos lugares escuros à serem explorados na fantástica e apaixonante cidade de Castle Rock.

Cotação

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