Treze grandes cenas (de treze grandes filmes), que tem canções como protagonistas

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O cinema e a música pop possuem uma estreita relação que vez ou outra acabam eternizados como se um fosse inerente ao outro.

Trago aqui uma pequena lista de lindas canções e suas respectivas melhores cenas que guardo com muito carinho num pedaço da minha memória.

Encontros e Desencontros (2003)

Este é um daqueles filmes em que a música é fundamental para se entregar de corpo e alma à trama. Além das ótimas cenas do karaokê, com o Bill Murray e a Scarlett Johansson cantando respectivamente Roxy Music e Pretenders, temos ainda a entrada triunfal de Just Like Honey do Jesus & Mari Chain. O filme ainda tem My Bloody Valentine, Air e Phoenix…

Watchmen (2009)

Apesar de muitos fãs da lendária HQ torcerem o nariz pra versão em filme da grande obra prima de Allan Moore, considero este o melhor filme sobre super-heróis já realizado, não só pela trama (que segue “quase” que fielmente a HQ), mas também pela ótima direção de Zack Snyder e seu elenco, além é claro, da fantástica trilha sonora que tem Bob Dylan, Jimmy Hendrix, Smashing Pumpkins, Leonard Cohen e a belíssima The Sound of Silence de Simon & Garfunkel tocada no funeral do Comediante.

Donnie Darko (2001)

Donnie Darko, com todas as suas esquisitices é talvez um dos filmes mais discutidos da cultura pop recente. As várias teorias e conceitos que procuram explicar o filme (e desde quando tudo precisa ter um propósito ou uma explicação?), são tão comentados como a incrível trilha sonora que permeia o filme, que já começa com as belíssimas cenas de Donnie em sua bicicleta ao som de The Killing Moon do Echo & the Bunnymen. O filme ainda conta com Joy Division, The Church, Duran Duran e Tears for Fears, que inclusive escolhi pra estar nesse post por conta do ótimo “plano sequencia”.

Christine (1983)

Assim como nos livros, os filmes baseados nas obras de Stephen King estão sempre muito conectados com a música, principalmente com o rock. Em Christine, cujo personagem principal é um belo, vermelho e diabólico Plymouth”58, não haveria melhor ideia do que ter o velho rádio toca-fitas do veículo como peça fundamental na trama.

Com seu repertório retrô, repleto de clássicos dos anos 60, a trilha consegue ter no filme o mesmo impacto que tem no livro, com a vantagem de que no filme você a está escutando de verdade e não apenas na sua imaginação, como quando lê.

Mesmo com Ritchie Valens, Litle Richards, Buddy Holly e outros nomes, nenhuma canção do filme é tão certeira como Bad to The Bones, de George Thorogood, logo na abertura. Muitos anos mais tarde a música apareceu também no filme Exterminador do Futuro 2, mas a ideia original de John Carpenter ainda é muito melhor.

Conta Comigo (1986)

Aproveitando o embalo, uma outra adaptação de Stephen King também faz por merecer estar nessa lista. Conta Comigo, de 1986, do diretor Rob Reiner, também segue os passos do conto e traz uma série de canções também para a versão filme.

Fazem parte da trilha cinquentista, Jerry Lee Lewis, The Chordettes, The Silhouettes, Buddy Holly e a perfeita Stand by Me, de Ben e King que além de dar título ao filme (o nome original do conto é The Body), o encerra de forma tão tocante e sensível que é praticamente impossível não se emocionar.

 

Quase Famosos (2000)

Um filme que é praticamente sobre música, não poderia deixar de estar nessa lista. Quase Famosos, filme de 2000 do diretor Cameron Crowe, mas que se passa na década de 70, cumpre muito bem a função desse post. Tem The Who, Yes, Led Zepelin e a maravilhosa Tini Dancer de Elton John. Embora o filme não seja nenhuma obra prima, ele já vale por essa cena:

 

 

500 dias com ela (2009)

E o que dizer dessa que é uma das raras comédias românticas que realmente valem à pena, e da memorável cena de Joseph Gordon-Levitt cantando Pixies…

 

Alta Fidelidade (2000)

Baseado no livro de mesmo nome, do autor Nick Hornby, Alta Fidelidade é um retrato mais que fiel do rompimento entre a juventude e a vida adulta. Também é o retrato de uma parcela do mundo que tem a música como partícula essencial à vida, e que assim como o autor desse post, acredita que esta (a música), é mesmo a maior invenção da humanidade.

 

Antes do amanhecer (1995)

Esta primeira parte da trilogia do diretor Richard Linklater, tem com principal característica diálogos reflexivos e muita, muita sensibilidade. Que o diga a cena em que o casal interpretado por Julie Delpy e Ethan Hawke estão numa loja de discos e colocam essa música pra tocar. Pra mim, o melhor dos três filmes, embora todos sejam maravilhosos!

 

The Warriors (1978)

Este é um os filmes mais fascinantes da minha geração. E olha estamos falando de uma época em que tínhamos Star Wars, Indiana Jones e outros grandes sucessos que se eternizaram na história do cinema.

Warriors é quase como uma fábula urbana que conta a incrível história de uma gangue que precisa cruzar a cidade para voltar pro seu território à salvo, ao mesmo tempo em que são caçados por dezenas de outras gangues.

Abaixo, a cena final, onde a Dj que passa o filme reportando informações sobre a saga dos Warriors,se desculpa pelo mal entendido e lhes dedica uma bela canção do Eagles…

 

Filmes de Quentin Tarantino

Uma das maiores qualidades dos filmes do diretor Quentin Tarantino é sem dúvida as músicas que ele escolhe para determinadas cenas. O cara é tão bom que fica difícil escolher até mesmo dentro de um único filme apenas uma cena, quem dirá se precisar fazer tal escolha levando em consideração seus oito longas. Pra esse post, escolhi essas aqui:

Cães de Aluguel (O psicótico personagem de Michael Madsen e sua “torture dance”)

 

Pulp Fiction (Uma Thurman fritando)

 

Death Proof (Kurt Russel como o psico da vez)

 

 

La Tierra y la Sombra (2015)

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Desde que o capital se apropriou da terra, a vida do camponês tem seguido num ritmo de exploração cada vez mais intenso, em que os parâmetros mínimos de sobrevivência rompem limites a cada novo golpe, ao mesmo tempo em que o mercado supera suas crises às custas de sangue e suor de milhares de indivíduos que parecem “invisíveis” aos olhos do mundo.

O filme colombiano “La Tierra y la Sombra” traz um pouco da vida de uma dessas famílias de “invisíveis”, cuja pequena propriedade resiste em meio à imensos campos de cana, que alteram drasticamente a paisagem e trazem inúmeras consequências com as queimadas, (maior produção, maior lucro das usinas).a-terra-e-a-sombra-02

Já na primeira cena, sob uma poeira de cinzas quase que constante e que deixa o céu sempre escuro, vemos Afonso, um homem de cerca de 60 anos, que retorna à sua antiga casa e família, depois de tê-los deixado anos antes.

Ao chegar, é recebido por Manoel, o neto de seis anos que ele ainda não conhecia e logo é levado ao aposento no qual está a razão de sua volta; Gerardo, seu único filho, está com uma grave doença nos pulmões que o impede não só de trabalhar, mas também de ficar exposto a poeira que cerca toda a propriedade. Dessa forma, cabe às mulheres da casa (Esperanza, esposa de Gerardo e Alicia, ex-esposa de Afonso),  o sustento da família através do trabalho no corte de cana.

Apesar da forte mágoa que sente por terem sido abandonados por Afonso, Alicia não vê outra solução a não ser aceitar a ajuda do ex-marido e assim lhe confere tarefas de casa, como limpeza, o cuidado com Gerardo e  a companhia para Manoel, quando este está fora do período escolar.

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Apesar de não ser exatamente um “filme-denúncia”, todo o drama pelo qual a família passa, inevitavelmente tem como fator preponderante a exploração da terra e do trabalho por parte das usinas de cana-de-açúcar instaladas na região.

Desde a partida de Afonso, que não aguentava mais ver todas as mudanças ocorridas ao redor da terra em que cresceu e que constituiu família, até a doença que fez de Gerardo um moribundo, tudo é consequência da famigerada e ilimitada busca por mais e mais lucros. Além disso, vemos também as relações de trabalho que parecem muito bem arquitetadas pela usina, onde o “patrão”, é quase que uma entidade que nunca tem contato direto com os trabalhadores. Através do capataz, (este, apenas mais um pobre diabo com um punhadinho de poder), faz valer suas regras de exploração, tornando escravos os trabalhadores, que castigados pela miséria, esquecem e abrem mão de seus direitos e só conseguem lutar por sobrevivência.

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Com longos planos silenciosos e uma fotografia exuberante, mesmo que num tom bem escuro, o filme consegue a proeza de nos levar tão para dentro da pequena casa e de seus conflitos que é impossível não se emocionar em algumas passagens, principalmente nas que envolvem Afonso e o neto, ou nas cenas em que vemos o amor de Alicia para com Gerardo.Claro que nada disso seria possível se não fossem as grandes atuações do elenco, cujos papeis parecem terem sido escritos sob medida para cada um deles.

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Em tempos em que a Reforma Agrária permanece estacionada, que direitos trabalhistas são ameaçados e que as demarcações de terra correm risco de serem revistas, “La Tierra Y la Sombra” é um filme que precisa ser assistido, seja como um excelente drama que é, seja como filme-denúncia. Além disso, é de suma importância que as pessoas  tomem consciência de que o preço pela expansão do capital, segue sendo pago pelos milhares de invisíveis que insistimos em tapar os olhos para não enxergar.

Cotação: rating_stars5

A Bruxa (The Witch – A New-England Folktale) 2016

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Qualquer pessoa que tenha alguma relação afetiva com o cinema, mesmo que não especificamente ao gênero terror, já deve ter lido algum comentário a respeito deste que vem sendo anunciado sob uma bipolaridade imensa, considerado uma obra prima por uns, e como um mero lixo por outros.

O filme em questão é The VVitch: A New-England Folktale , título que no Brasil recebeu o título simples e direto de “A Bruxa”, e que vem ganhando prêmios da crítica por vários festivais em que tem sido exibido. Para se ter uma ideia da dimensão que este pequeno filme (pequeno no sentido de orçamento), tomou, até mesmo Stephen King, o mestre do terror, andou rasgando elogios à produção, aumentando simultaneamente, o marketing do filme e a ansiedade do público.

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Felizmente, o filme me agradou e muito, embora como tem sido dito à exaustão, não é para todo tipo de público e cabe ressaltar que não faço nenhum julgamento de valor por conta disso. Alguns vão encarar de forma x, outros de forma y, e pra mim isso não tem relação alguma com diferentes níveis intelectuais e sim, com algo muito mais íntimo, interno e pessoal no que diz respeito aos inúmeros signos e referências que permeiam a história e que para cada indivíduo, pode ter as mais diversas interpretações.

Com um roteiro baseado em documentos e contos da época e do local em que se passa a ação (Nova Inglaterra, 1630, décadas antes do famoso caso de Salém), o filme conta a história de uma família que, expulsa da vila onde vivem (não fica claro o motivo da expulsão, mas é muito provável que seja algo relacionado ao seu fanatismo religioso exacerbado), acaba se fixando próxima de uma clareira que tem uma imensa e fria floresta ao redor.

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Vivendo do cultivo da terra e da criação de uns poucos animais, tudo parece ir bem, até que Thomasin, a filha mais velha do casal, perde o bebê da família enquanto brincava com ele às margens da floresta. A parti dai, isolados e cercados pela mais atroz natureza, uma série de outras tragédias passam a acontecer, fazendo com que a tensão aumente vertiginosamente dentro e fora do filme.

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Uma característica bastante marcante do filme, é sua atmosfera, sendo que a belíssima fotografia e a trilha sonora assumem um papel quase que de personagens, tamanha influência com que atuam na história. Soma-se a isso um roteiro muito inteligente, sério e adulto, que é capaz de tocar de forma sutil, mas ao mesmo tempo reflexiva, em temas como religião (a cena que temos uma representação da última ceia de Jesus é perfeita), despertar sexual, feminismo, liberdade, entre tantos outros, que não deixa nenhuma brecha para situações mais leves, fazendo da angústia uma sensação constante, e temos um novo e original clássico.

Além disso, a direção também fez um trabalho impecável, principalmente na condução dos atores, onde todos se superam, inclusive as crianças. As atuações, que contam com um inglês arcaico, só fazem o filme ficar ainda maior, com toda carga de emoção transmitida da forma ainda mais verossímil.

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A Bruxa é realmente uma experiência única, voraz e avassaladora. Mas vale insistir que é preciso vê-lo sob um outro olhar, um olhar bem mais aguçado, curioso e contemplativo para se fazer valer a pena, pois assim como o ótimo Good Night Mommy, este é um filme que veio propôr algo novo, pra esse tão desgastado mas subestimado gênero que é o terror.

Cotação: rating_stars5

The Revenant (2015)

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Alguns filmes, apesar de suas inúmeras qualidades técnicas, parecem produzidos com o único intuito não de concorrer, mas de vencer o Oscar. Foi assim com Gravidade, de Afonso Cuarón em 2013, foi assim com Birdman em 2014, e agora com The Revenant (os dois últimos, curiosamente dirigidos por Alejandro González Iñárritu).

Fotografia primorosa, direção impecável, atuações grandiosas, assim como outros quesitos mais técnicos fazem com que filmes assim sigam uma fórmula um tanto fácil, para alcançar o sucesso de crítica e público.

Muitos podem não ver problema algum nisso, desde que o material entregue seja de qualidade (e quase sempre o é), porém, chamo a atenção para algo que tem sido cada vez mais perceptível aos meus olhos como público consumidor de filmes, que é a perda da naturalidade, do novo, e até mesmo, da inocência do cinema.

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Antes de mais nada, reitero todas as qualidades presentes em The Revenant, com destaque especial para a direção de algumas cenas, como a da batalha inicial, que tem a câmera se movimentando de forma quase que mágica, diante do confronto que se trava entre um grupo de caçadores de peles e índios.

Já o roteiro, que segue a jornada de Glass (Leonardo DiCaprio) um integrante do grupo de caçadores de peles, que segue em busca de vingança contra o homem que além de enterrá-lo vivo, ainda matou seu filho, é repleto de clichês dos mais piegas, como imagens da esposa e do filho assassinados que dialogam com Glass por vários momentos em que este está para desistir de lutar contra os inúmeros desafios que o tempo todo tentam tomar sua vida.Há espaço para o herói honrado e bondoso, que arrisca a vida para salvar uma mulher em perigo e pro vilão inescrupuloso (Tom Hardy)que não mede esforços para ganhar a antipatia do espectador.

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Por sinal, os perrengues pelos quais o personagem passa, se encaixariam facilmente num filme de comédia pastelão ou mesmo num desenho animado, como o do coyote que persegue o Papa-léguas, tamanha sequencia de azar à que ele é submetido nas quase três horas do longa.

E mesmo com esses poucos, mais gritantes defeitos, creio que ainda assim, o filme vai receber os prêmios que almeja, e também vai alcançar um bom público que seguindo a cartilha do cinematograficamente correto, vai ainda cair de amores pela direção, fotografia, figurino, efeitos sonoros e atuação de DiCaprio.

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Entendo que muitos continuarão não vendo problema algum nisso, dirão até que hoje em dia, tudo que é produzido nesse segmento do mundo artístico, visa o sucesso comercial e que obra alguma está isenta do desejo de transformar ideias em dólares, mas ainda assim, dentro da minha inocência e vontade, continuarei preferindo a naturalidade e simplicidade de um Ramones, do que todo o profissionalismo arquitetado de um Deep Purple.

Cotação

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A Visita (2015)

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Mesmo depois de dois fiascos fenomenais (Depois da Terra e O Ultimo mestre do ar), e de outros dois filmes medianos (Fim dos Tempos e A dama na água), esperei com muita ansiedade por “ The visit”), mais recente filme do diretor indiano M. Night Shyamalan.

Respaldado pela plena consciência de que um autor e diretor de filmes tão brilhantes como Sexto Sentido, Corpo Fechado, Sinais e A Vila, não poderia perder seu talento de uma hora para outra, mantive minha expectativa sobre The Visit até quando soube da notícia de que o filme seria um found footage, (ainda que menos motivado, diante de tal informação). Pouco antes do lançamento, uma nova informação dizia que o filme teria toques de humor, o que acabou baixando um pouco mais minhas esperanças de que o indiano pudesse voltar a ser genial.

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Os primeiros minutos do filme não animam muito, mas servem pra conhecermos os personagens principais e suas motivações. De início, vemos a mãe de duas crianças, Becca e Tyler, explicando didaticamente que os filhos vão viajar para se encontrar pela primeira vez com os avós maternos, pois uma briga familiar os manteve afastados há anos, a ponto de sequer se conhecerem.

Assim, a menina Beka e seu irmão Tyler, seguem para a viagem rumo à casa dos avós, localizada numa área rural da Pensilvânia, enquanto a mãe deles aproveita para fazer um cruzeiro com o novo namorado.Beka, a mais velha dos irmãos, pretende usar a viagem para realizar um documentário em que aspira a reconciliação dos avós com sua mãe, o que acaba justificando o estilo ”mockumentary” do filme.

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Ainda que nas primeiras aparições, Tyler pareça uma criança extretamente irritante, principalmente por conta de suas aspirações e intervenções rapper, o personagem é uma das coisas mais legais do fime, pois consegue trazer humor numa dosagem que não é nem muito sutil, nem tampouco exagerada, ideal para que não quebre a tensão e suspense que são fundamentais ao gênero.

Logo que chegam, as crianças são muito bem recepcionadas pelos avós que mesmo vendo-os pela primeira vez, demonstram todo afeto e carinho que o grau parentesco prega, com direito à bolo feito em casa e outros mimos. Mas apesar de toda cordialidade, aos poucos as crianças começam a notar também alguns comportamentos estranhos na casa, principalmente da avó, que costuma vagar a noite pela casa, aparetando algum sinal de doença.E com o passar dos dias, as coisas só vão piorando, até atingirem o clímax.

O roteiro, também escrito por Shyamalan, funciona muito bem com a ambientação do filme e com o belo trabalho dos atores, mesclando cenas de terror, suspense e humor, que se encaixam perfeitamente nos momentos mais inesperados, fugindo de fórmulas prontas e gerando assim, ainda mais envolvimento por parte do público. Há uma cena com um forno que faz o coração saltar de tensão.

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No compto final, “A Visita” pode não ser o melhor filme de Shyamalan, mas ao menos figura facilmente entre seus melhores. Se não tem a originalidade de “ A Vila”, ao menos se sustenta com méritos num gênero que apresenta cada vez mais sinais de uma morte anunciada, em que a quantidade de filmes é completamente desproporcional à qualidade dos mesmos. E pra reverter essa ordem, o talento do indiano em escrever e dirigir bons filmes de terror, é de fundamental importância.

Cotação

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Victória (2015)

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Vendido como o novo “Corra Lola, Corra”, antes de qualquer coisa é preciso frisar que “Victória” é um filme muito superior. E olha que o filme de 1998, que tem Franka Potente como protagonista já é um clássico do cinema alemão.

Ainda assim, “Victória”, se firma como jóia sem mesmo precisar chegar aos créditos finais. A produção alemã de 2015, nos deixa com a sensação (verdadeira) de ter presenciado a exibição de uma obra prima do cinema contemporâneo. E isso não é de forma alguma um exagero.

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Filmado magistralmente em plano único, em alguns momentos “Victoria” lembra um pouco “Irreversível”, mas sem apelar pra toda violência explícita do filme francês do diretor Gaspar Noé de 2002. Além da característica de serem ambos filmados em plano único, existem ainda outros fatores que relacionam um filme com o outro, como por exemplo, o desenrolar do roteiro que tem como palco, a vida noturna em uma grande metrópole europeia.

A fotografia impecável mostrando uma Berlin cosmopolita, (onde os ditos problemas “terceiromundistas” avançam cada vez de forma mais contundente, evidenciando o caminho percorrido pelo capitalismo que já não parece mais capaz de mostrar força na tentativa de superação de suas crises e contradições), dita o tom exato entre as horas que se passam e os acontecimentos no decorrer da noite/madrugada.Victoria_Still

As cenas externas, com todas as luzes que aos poucos vão se ofuscando com a chegada do dia são tão belas e ao mesmo tempo tão reais, que acabam nos aproximando ainda mais dos personagens, tornando-os quase que íntimos, ainda mais pra quem já viveu a experiência de prolongar uma balada noturna até a chegada do dia esperando a abertura do metro ou a chegada do primeiro ônibus para poder voltar pra casa.

Um outro grande mérito por trazer essa sensação de intimidade com a história do filme, deve-se ao elenco e a direção. As atuações são tão naturais que é como se tivéssemos vivenciando algum episódio da nossa própria vida, onde os personagens ali retratados são como nossos amigos mais próximos contando as aventuras de uma noite qualquer.

Sobre o argumento em si, acho melhor não falar muito, pois pode estragar toda uma atmosfera que vai se construindo lentamente. Se eu tivesse lido uma sinopse que mesmo sem dar spoiiler, falasse mais do que eu precisava saber antes de ver o filme, talvez o mesmo não teria tido tanto impacto que teve. Toda a angustia, tensão e apreensão propiciadas pelo roteiro, encaixam-se perfeitamente com essa premissa de “quanto menos souber, melhor”.

Dessa forma, me limito a dizer apenas que: O filme acompanha a noite/madrugada de uma garota espanhola que vive há poucos meses em Berlin, e que acaba conhecendo um grupo de quatro amigos alemães com os quais vai passar as horas mais intensas de sua vida.

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E isso é mais que suficiente para que sua experiência de ver um filme como “Victória”, seja tão forte , tão extasiante, quanto foi a minha. E ainda, que 2016 nos traga mais jóias como essa, onde mesmo uma história simples,(sob os cuidados de mãos hábeis), se transforma no melhor filme que vi em anos.

Cotação:

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