The Revenant (2015)

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Alguns filmes, apesar de suas inúmeras qualidades técnicas, parecem produzidos com o único intuito não de concorrer, mas de vencer o Oscar. Foi assim com Gravidade, de Afonso Cuarón em 2013, foi assim com Birdman em 2014, e agora com The Revenant (os dois últimos, curiosamente dirigidos por Alejandro González Iñárritu).

Fotografia primorosa, direção impecável, atuações grandiosas, assim como outros quesitos mais técnicos fazem com que filmes assim sigam uma fórmula um tanto fácil, para alcançar o sucesso de crítica e público.

Muitos podem não ver problema algum nisso, desde que o material entregue seja de qualidade (e quase sempre o é), porém, chamo a atenção para algo que tem sido cada vez mais perceptível aos meus olhos como público consumidor de filmes, que é a perda da naturalidade, do novo, e até mesmo, da inocência do cinema.

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Antes de mais nada, reitero todas as qualidades presentes em The Revenant, com destaque especial para a direção de algumas cenas, como a da batalha inicial, que tem a câmera se movimentando de forma quase que mágica, diante do confronto que se trava entre um grupo de caçadores de peles e índios.

Já o roteiro, que segue a jornada de Glass (Leonardo DiCaprio) um integrante do grupo de caçadores de peles, que segue em busca de vingança contra o homem que além de enterrá-lo vivo, ainda matou seu filho, é repleto de clichês dos mais piegas, como imagens da esposa e do filho assassinados que dialogam com Glass por vários momentos em que este está para desistir de lutar contra os inúmeros desafios que o tempo todo tentam tomar sua vida.Há espaço para o herói honrado e bondoso, que arrisca a vida para salvar uma mulher em perigo e pro vilão inescrupuloso (Tom Hardy)que não mede esforços para ganhar a antipatia do espectador.

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Por sinal, os perrengues pelos quais o personagem passa, se encaixariam facilmente num filme de comédia pastelão ou mesmo num desenho animado, como o do coyote que persegue o Papa-léguas, tamanha sequencia de azar à que ele é submetido nas quase três horas do longa.

E mesmo com esses poucos, mais gritantes defeitos, creio que ainda assim, o filme vai receber os prêmios que almeja, e também vai alcançar um bom público que seguindo a cartilha do cinematograficamente correto, vai ainda cair de amores pela direção, fotografia, figurino, efeitos sonoros e atuação de DiCaprio.

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Entendo que muitos continuarão não vendo problema algum nisso, dirão até que hoje em dia, tudo que é produzido nesse segmento do mundo artístico, visa o sucesso comercial e que obra alguma está isenta do desejo de transformar ideias em dólares, mas ainda assim, dentro da minha inocência e vontade, continuarei preferindo a naturalidade e simplicidade de um Ramones, do que todo o profissionalismo arquitetado de um Deep Purple.

Cotação

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Django (2012)

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Com muito pesar, sinto que o Tarantino perdeu a mão e a prova disso não é só Django, mas também outros filmes anteriores que trazem uma queda gradual, desde Kill Bill, (que a meu ver é superestimado, assim como tem sido o Django).

Antes de mais nada, é preciso ressaltar que Django não é um filme ruim. A excepcional trilha sonora de Ennio Morricone, assim como as magistrais cenas de ação, fazem de Django um filme quase que acima da média do que vemos por aí frequentemente.
Porém, as coisas boas param por aí. O filme é longo para suportar um roteiro simples e raso como esse. O papel de Christoph Waltz é completamente idêntico ao seu papel anterior em Bastardos Inglórios, Jamie Fox e Leonardo Di Caprio apenas fazem mais do mesmo, e com exceção de um caricato (mas engraçadíssimo) Samuel Jackson, todo o elenco também parece atuar por osmose.

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Algumas sequências, como a que tem o próprio Tarantino atuando, chegam até a causar vergonha alheia de tão bobas. Infelizmente, não tem como deixar de comparar com as ótimas sacadas de Cães de Aluguel, Pulp Fiction, Jackie Brown e “Amor à queima-roupa”, esse último, dirigido por Tony Scott, mas com roteiro de Tarantino.

Talvez seja justamente a má qualidade dos roteiros, a causa desse declínio de seus filmes. Parece-me que o diretor passou a dar mais atenção ao argumento, do que ao conteúdo. Por exemplo, em Cães de Aluguel temos como argumento um roubo que não deu certo e os desdobramentos desse roubo, antes, durante e depois do ato. Mais simplista, impossível. Já em Django ou Bastardos Inglórios, o argumento é bem mais complexo. A diferença toda se dá em como tal argumento é tratado no decorrer da trama, pois quando ele passa a ser o fator determinante, tem se a ideia de que os meios é que já não importam.

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Espero que isso não passe de pura preguiça e que Tarantino volte a fazer filmes memoráveis, assim como espero que M. Night Shyamalan, também o faça. Enquanto isso, o jeito é ir me entretendo com alguns bons filmes independentes e com excelentes séries deTV como Game of Thrones, Breaking Bad, Homeland….

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