Túmulo dos vaga-lumes (1988)

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Pense em uma história triste. Agora pense em uma mais triste ainda e multiplique por trocentos milhões. O resultado talvez se aproxime do quão realmente triste é a história da animação japonesa “o túmulo dos vaga-lumes, do diretor Isao Takahata , também conhecido por “o conto da princesa kaguya” de 2013.

O filme conta a trajetória dos irmãos Seita e Setsuko, num Japão vivendo constantes ataques áreos durante a Segunda Guerra. Num desses ataques, a mãe deles é atingida e os muitos ferimentos a levam à morte. Com o pai atuando como soldado em algum navio, os irmãos vão morar com uma tia distante e se transformam em alvos da mesquinharia e ruindade da anfitriã.

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Seita, um garoto de aproximandente uns 14 anos, precisa agora cuidar da pequena irmã ( de 4 anos de idade), fazendo às vezes de irmão, de pai e até mesmo de mãe. Num mundo em condição “normal”, isso por si só já seria mais que complicado, e num cenário onde a devastação causada pela guerra agrava também os sintomas da fome, da desesperança e até mesmo da intolerância e avareza das pessoas, a missão torna-se praticamente impossível.

Por outro lado, é curioso refletir que a própria guerra acaba sendo também um tipo de manifestação “coletiva” desses sentimentos humanos, onde no lugar do indivíduo, temos nações e todo o espírito nacionalista e corrosivo que acabam evocando em situações desse tipo.

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Apesar de trazer o sentimento de tristeza do qual falei no início do texto, o filme também traz belos momentos, alguns quase que mágicos, tamanha sutileza dos detalhes, principalmente nas cenas em que temos os irmãos envoltos ao vaga-lumes do título. O companheirismo entre os dois, que mesmo tão crianças, conseguem perceber que só tem um ao outro em meio a todo caos que o cerca, faz com que os poucos momentos felizes entre eles sejam de alguma forma eternizados em situações das mais comuns.

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Fato é, que o filme vai ficar em minha cabeça por muitos dias, assim como sua maravilhosa trilha sonora e seus personagens tão intensos e doces como esses dois irmãos, que diante de tantas adversidades intransponíveis, tornam-se ainda mais unidos num tipo de amor incondicional que nem o mais profundo desespero é capaz de desestabilizar.

Cotação: rating_stars5

Trailler:

True Detective – 2ª Temporada

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E então uma das minhas séries favoritas chega ao fim de mais uma temporada. Diferente de outras séries que não possuem uma continuidade das tramas, elenco, etc, True Detective tem esse atrativo para quem não deseja passar um ano esperando a resolução de um episódio. E tramas distintas podem trazer também surpresas distintas. Se podemos entender que a primeira temporada tinha como mote a amizade, nessa segunda podemos dizer que o mote é o amor.

Por sinal, até nesse sentido True Detective é especial, pois não convém sequer comparar uma temporada à outra, diante da ideia de que as histórias sempre serão independentes, assim como o tema, atores, enfim, a cada ano, é como se iniciasse uma nova série cujas poucas similaridades com a anterior, além do nome, é o fato do tema envolver algum tipo de investigação policial.

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Mesmo que com a sombra da inegável qualidade do ano anterior, essa segunda temporada de True Detective apostou num elenco que aparentemente parecia ter mais chances de dar errado do que de dar certo. Mas felizmente, principalmente pra nós, deu MUITO certo.

Para interpretar os quatro protagonistas (número incomum), foram escolhidos os questionados Colin Farrel (Ray Velcoro), Rachel McAdams (Ani Bezzerides), Taylor Kitsch (Paul Woodrugh) e Vince Vaughn (Frank Semyon), sendo os três primeiros, agentes policias enquanto o último um empresário envolvido com o crime, política e corrupção.

O espaço geográfico da trama, é uma espécie de distrito de Los Angeles, chamada Vinci, que abriga todo tipo de corrupção local, envolvendo políticos, autoridades policias, empresários, enfim, muito do que realmente existe num mundo ditado pelo capital.true_6

Após o assassinato de Ben Casper, um político local influente que gerenciava contratos e licitações da prefeitura, os três policiais (Velcoro, Bezzerides e Woodrugh), são ligados ao caso e passam a trabalhar juntos numa investigação que trará à tona, além de antigos demônios pessoais, verdades que poderiam permanecer ocultas.

Com personagens muito bem construídos ao longo da temporada , e isso incluí também o elenco secundário, nós como espectadores vamos nos aprofundando tanto na trama, como na história de cada um deles, (mesmo com o destaque menor dado à Woodrugh), nos cativando com seus dramas pessoais e até mesmo aceitando seus erros. Este, para mim, é um dos maiores trunfos dessa temporada; a condução da trama que nos aproxima de seus protagonistas de uma forma sutil e inesperada e que finaliza de forma soberba todos os emaranhados.

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Cabe ressaltar que a trama se mostra meio confusa em alguns momentos, com muitos nomes e personagens que surgem em meio aos acontecimentos sem que antes tivessem sido citados, mas não considero isso como motivo para desistir da série. Existem outros elementos muito bem trabalhados, como a excelente trilha sonora, as atuações marcantes, cenas de ação muito bem filmadas, enfim, True Detective possui muito mais pontos positivos do que negativos, e essa segunda temporada ratifica o alto padrão de qualidade da série, contando com uma dose generosa de amor e melancolia, afinal, temos o mundo que merecemos…

Cotação: rating_stars4

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