The Bag Man ( 2014)

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Houve um tempo em que o nome Robert De Niro era sinônimo de filmes cultuados, premiados, onde seus personagens não eram meras caricaturas. Tempos de Taxi Driver, de Os bons Companheiros, Cassino, Cabo do Medo, Intocáveis…Mas aí surgem novos tempos, novos rostos, novos talentos, juntamente com a maldita imensa necessidade em manter o padrão de vida conquistado anteriormente. O resultado, filmes extremamente toscos, com interpretações forçadas e preguiçosas que nada tem a oferecer senão uma mera franquia do que foi o ator.

Em “The Bag Man”, De Niro faz mais uma vez um papel caricato, porém, com um certo charme que há muito não se via em seus últimos trabalhos. Seu personagem é Dragna, poderoso criminoso que incumbe uma tarefa um tanto estranha a um de seus homens, no caso, a Jack, o personagem de John Cusack.

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A tarefa, que a princípio parece ser um tanto simples, consiste em Jack conduzir uma bolsa até um hotel fuleiro, escondido em alguma estrada do interior americano, até que o próprio Dragna vá retirá-la em mãos no dia combinado. Porém, a instrução de Dragna é para que Jack em momento algum abra a bolsa para ver o que há dentro, aconteça o que acontecer.

O roteiro é baseado num conto chamado “The Cat” e funciona bem, pois consegue fugir dos clichês ao se aproximar do cinema independente, numa história repleta de personagens bizarros e com situações que por vezes, beira o ridículo de tão incrível, mas que usa isso de forma inteligente, proporcionando o prazer e não o desinteresse de quem está assistindo.

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O filme ainda tem no elenco nomes como Crispin Glover (o eterno George MCFly de De volta para o futuro), Dominic Purcel (de Prison Break) e a brasileira Rebbeca da Costa, num papel fundamental para o desenrolar da história. E é claro, temos John Cusack, um ator dono de um carisma gigantesco, e de papeis inesquecíveis, como em Conta Comigo, Alta Fidelidade e até mesmo bombas como “Con-Air”.

Ainda que não seja uma grande volta de De Niro a papeis e filmes consagrados, ainda é uma ótima oportunidade de vê-lo aos 71 anos de idade, atuando de forma convincente e divertida, mesmo que seja apenas pra ganhar mais uns trocos pra reforçar sua aposentadoria.

Trailler :

 

Out of Furnace (2013)

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O tema vingança é um dos mais utilizados no cinema americano e essa grande quantidade de produções acaba tendo uma proporção muito maior de destaques negativos do que positivos. Os filmes de ação, por sua vez, são os que mais contemplam o tema, reforçando ainda mais os clichês em que atores como Van Damme, Steven Segall, Stallone, e agora , mais recentemente, Jason Stathan.

Pra nossa sorte, vez ou outra aparece um bom roteirista que se junta com um bom diretor, bons atores e fazem do velho clichê “vingança”, um excelente passatempo repleto de virtudes, como é o caso de “Out of furnace”, que deve estrear ainda esse mês nos cinemas brasileiros.

bale_armaCom direção de Scott Cooper ( de Coração Louco), e roteiro em parceria com Brad Ingeslby, o filme é um ótimo drama policial, que conta a história de Russel Baze (Christian Bale), um operário que vê sua vida se complicar ainda mais ao causar um acidente com vítima fatal.

Depois de cumprir a pena e nesse meio tempo ter sido deixado pela mulher ( Zoe Saldana) , Russel  ainda tem quem lidar com a morte de Rodney (Casey Affleck),  seu irmão mais novo, assassinado violentamente.

Disposto a encontrar o culpado, Russel descobre o envolvimento de Rodney em lutas clandestinas, e acaba chegando a Harlan DeGroat (Woody Harrelson) , um violento criminoso que comanda uma região de montanhas nos arredores da cidade, um local esquecido e sem leis.OUT OF THE FURNACE

Contando com boas atuações e ótimos atores, o elenco ainda tem Forest Whitaker,  Sam Sheppard  e Willem Dafoe.

O roteiro, apesar de não conseguir fugir muito do previsível, explora com muita eficiência a obsessão de Russel em relação à sua busca por vingança, que muitas vezes, confunde-se com justiça, não só na ficção, mas também no mundo real. Concordando ou não com os atos do personagem, o filme nos faz refletir e muito sobre essa tênue linha que separa esses dois sentimentos, que apesar de muitas vezes serem confundidos, ao menos em sua genuinidade, são bem diferentes.

Trailler: 

Nebraska (2013)

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Após ver Nebraska, fiquei pensando no quanto a vida humana, por mais simples que esta seja, tem pra oferecer a roteiros de filmes, livros, etc. Um grandioso e infinito laboratório de comportamentos, sentimentos, relacionamentos, e principalmente, humanidades.

Nebraska traz a história de um homem idoso, que após receber uma correspondência de uma revista, dizendo que ele havia ganho um premio de um milhão de dólares, tenta à todo custo partir de Montana, ( a cidade em que vive), em direção à Lincoln (ambas no estado americano de Nebrasca) para retirar pessoalmente o seu milhão.

Bruce Dern faz o papel Woody, o idoso “ganhador” do premio, um homem que nunca conseguiu se dar muito bem financeiramente na vida, com problemas com álcool, uma esposa que só faz reclamar e dois filhos bem diferentes entre si.  Convicto da veracidade da carta, Woody faz inúmeras tentativas de ir a pé até Lincoln, o que acaba fazendo com que um de seus filhos, o leve de carro.Nebraska2

O filho em questão é David ( Will Forte ), um vendedor de uma loja de aparelhos de som, sem muitas aspirações na vida, que resolve faltar no emprego e levar o pai de carro até Lincoln. David por sinal, tem alguns aspectos parecidos com o do pai, que disse à ele que só casou com sua mãe porque gostava de transar…Como jamais propôs casamento à sua ex-namorada, esta o deixou e agora o que ele mais sente falta é mesmo o sexo…Tal qual o pai.

Juntos, ambos fazem uma viagem onde David passa a conhecer cada vez mais do pai, ao tomar contato com amigos, ex-namoradas, parentes, enfim, o pai que ele conhecera antes da viagem, passa a revelar um passado muito diferente do qual ele imaginava. Essa proximidade faz com que laços se tornem mais fortes, ainda mais quando juntam-se à eles, a mãe (June Skibb) e o irmão Ross (Bob Odenkirk, o inesquecível Saul Goodman de Breaking Bad).

O humor é de uma sutileza absurda. São inúmeras cenas que nos fazem rir, principalmente quando Woody e sua esposa estão presentes, com destaque para a cena em que June Skibb visita o cemitério da  cidade em “respeito” ao mortos. NEBRASKA

Além do finíssimo humor, ainda temos boas reflexões sobre questões como ambição, escolhas, família. Bastaram menos de 20 minutos de filme para que minha esposa recordasse de seu pai falecido, assim como eu também recordei em muitos momentos do meu ,também já falecido.

De certa forma, é triste notar a relação de nossa vida como uma  letra de uma música do Humberto Gessinger que diz : “nossos sonhos são os mesmos, mas não há mais tanto tempo pra sonhar…”. Ainda mais quando aprofundamos os pensamentos sobre o que nós somos, o que construímos e o que deixamos de construir ao longo de nossa existência.

O filme ainda é “classudo” em aspectos técnicos, como a uma belíssima fotografia, onde o P&B transformam as tomadas em verdadeiras pinturas,e  uma triha sonora que parece acompanhar simetricamente cada cena.

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Eu poderia ficar  escrevendo linhas e mais linhas do quanto Nebraska merece ser visto e revisto, mas acho que descobrir o filme é a melhor maneira de curtí-lo por inteiro….

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