Certos filmes possuem um incrível dom de hipnotizar o espectador de tal forma, que chega até assustar. Agora imaginem um filme com esse poder, e com uma incrível e verdadeira história pra lá de bizarra.
O filme em questão é Piquenique na Montanha Misteriosa, produção australiana de 1974, dirigida por Peter Weir, que mais tarde, trabalhando nos Estados Unidos, dirigiu filmes como A Testemunha, Show de Truman, entre outros.
A ação se passa em 1900, onde um grupo de alunas de um internato australiano, seguem rumo a um passeio à Hanking Rock, uma formação rochosa criada em decorrência de antigas erupções vulcânicas.
O local possuí uma beleza exótica, nada exuberante, onde a forte luz solar é permanentemente evidenciada através dos rostos rosados das alunas, o que causa até mesmo certo desconforto ao longo da trama. Os enormes corredores entre as rochas são como cânions, e logo nos remetem a um labirinto natural rochoso.
O acampamento é montado próximo ao pé das montanhas e logo começam a surgir os primeiros fatos estranhos, como a paralisação dos relógios exatamente ao meio-dia. Na seqência, um grupo de quatro garotas, solicita junto a pofessora responsável pelo grupo, permissão de subirem às montanhas, com a promessa de retornarem antes do horário do chá.Porém, apenas uma delas volta, gritando e em estado de choque. A partir daí, só ficamos sabemos que a professora responsável, também desaparecera, sem deixar vestígios.
Como disse no início do texto, o filme tem um poder sonoro e visual muito grande de envolver, horas com a voz doce e delicada das alunas,outras com a música , completamente fundamental para algumas cenas, como quando elas aos poucos, vão subindo a montanha, como que encantadas pela visão das rochas que sugerem formas de grandes faces.
Apesar do título um tanto enfadonho, o filme possuí outras histórias paralelas que permeiam a narrativa, e que de certa forma, possuem vínculo com o desaparecimento das garotas. Isso, faz com que ele seja ainda mais inteligente, pois contar uma história que de fato tenha acontecido, mesmo que imbuída de algum mistério sem solução, precisa de algo mais para não soar tão documental, e alçá-lo a um patamar acima.
Ao final, você estará se perguntando o que de fato aconteceu naquele local, e mesmo com a permanência do mistério inconclusivo, ainda assim, o espectador mais atento refletirá sobre algumas dicas propostas pelo excelente roteiro e poderá acionar o fantástico que habita a imaginação de cada um, para teorizar sobre as questões que continuam sem resposta, mesmo tendo se passado mais de um século.